Promover a educação ambiental é um dos objetivos do SOS Ribeirão Sobradinho. O grupo vem atuando em diversas frentes, principalmente em escolas. Parceira do SOS, a Escola Classe 5 de Sobradinho (EC 05), de educação infantil e de ensino fundamental I, é um exemplo. Por lá são plantadas mudas que são destinadas à recuperação de áreas degradadas, como as margens do Ribeirão Sobradinho. Este ano, a iniciativa já conta com 2 mil mudas para o plantio no período de chuvas, que é em meados de novembro.
O projeto de educação ambiental é desenvolvido na escola desde 2016. De lá para cá, diversas ideias foram executadas por coordenadores, professores, servidores, alunos e a comunidade, que trabalham em conjunto a questão ambiental. A escola conta com infraestrutura específica, que vai desde um viveiro de mudas até um canteiro de hortaliças para uma alimentação mais saudável da comunidade escolar.
É possível encontrar no espaço, que fica localizado na Quadra 09 de Sobradinho (DF), projetos como: viveiro em processo de produção de mudas; composteiras; reaproveitamento de resíduos para produção de adubo orgânico; encanamento de captação de água dos bebedouros e da cozinha, para armazenamento e irrigação dos canteiros; e canteiros de horta escolar e medicinal.
As crianças da escola ajudam em todos os processos de formas lúdica, como explica a coordenadora pedagógica e do projeto, Francis dos Santos. “Elas gostam muito e se envolvem bastante nas atividades. Participam de todos os processos, do peneirar a terra até o plantio. E são várias etapas que elas vivenciam: ajudam na manutenção, observam, pesquisam, registram, semeiam, plantam, regam até o momento final, que é o plantio no Ribeirão”, conta a professora.
O professor da Secretaria de Educação do DF Heron Sena, que é um dos idealizadores do projeto, explica que o plantio das mudas é somente uma das formas de chamar a atenção de todos para questões ambientais. E é a partir daí que se cria espaço para tratar novos temas e de variadas formas. “Na verdade, o plantio é apenas um gancho pedagógico para introduzir em sala de aula grandes temas como o Bioma Cerrado, as questões geográficas e as históricas da ocupação dele; do desmatamento; da degradação ambiental; questão dos recursos hídricos, entre outros. Então, tudo isso que é aprendido se transforma, pelas mãos dos alunos, em histórias contadas, textos, desenhos e tantas outras possibilidades para a produção do conhecimento”, acrescenta.
Desenvolvimento das mudas
As mudas que estão na escola tiveram o processo inicial de produção em dezembro de 2019. Ainda nas primeiras semanas de 2020, a coordenação do projeto mobilizou professores e alunos e deu sequência aos plantios. Entretanto, o processo com colaboração mútua teve que ser interrompido devido à pandemia, com a produção sob responsabilidade de poucos participantes. Durante o isolamento, o projeto recebeu doação de mudas do SOS e do Projeto de Revitalização, Reciclagem e Preservação Moura (Projeto RRP Moura).
As sementes germinadas foram plantadas pelos alunos em caixas de leite. “Recentemente a EC 05 acrescentou mais um modelo de plantação por meio da técnica das mini estufas. Vale destacar também que as caixas de leite são doadas pela comunidade e parte da terra necessária pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER/DF). Atualmente, a escola possui 2 mil mudas para plantar na bacia hidrográfica do Ribeirão no próximo regime de chuvas”, destaca o professor Heron.
No vídeo, a coordenadora Francis mostra o espaço da escola destinado ao plantio de mudas.
Comunidade e meio ambiente
As caixas de leite são uma forma que a comunidade ao redor da escola encontra para ajudar o projeto. A instituição recebe esse tipo de apoio desde 2019, antes, era apenas de pais de alunos. Por meio da divulgação em redes sociais e por membros dos coletivos SOS Ribeirão Sobradinho e Guardiões do Meio Ambiente, a EC 05 vem recebendo diversas doações. O que, nas palavras do professor Heron, mostra que a cada dia a população se torna “mais participativa e consciente da importância de se reutilizar produtos e contribuir com a diminuição de resíduos”, completa.
A coordenadora Francis ressalta a necessidade da articulação entre escola e sociedade. “A participação de todos é de extrema importância. Não basta fazer somente dentro da escola. Quando a comunidade participa há um envolvimento maior no processo de aprendizagem das crianças. Pais, alunos, professores, servidores passam a atuar juntos numa causa comum, a recuperação da mata ciliar do Ribeirão. Tal ação não irá beneficiar apenas um pequeno grupo, mas toda a população de Sobradinho e região. A população passa a ser também coadjuvante nesse trabalho”, completa.
No vídeo, o professor Heron mostra a estufa criada para as mudas e também a contribuição da comunidade com as caixas de leite.
SOS e EC 05
A Escola Classe e o SOS são parceiros em atividades de educação ambiental. Em dezembro de 2019, alunos da instituição participaram de um mutirão de plantio e de uma atividade de preparação de mudas na Casa do Ribeirão antes da pandemia. “Nós ajudamos a escola com arrecadação de materiais e doações de mudas. Para o SOS, é importante essa parceria com escolas e outros atores. Por isso, estamos implantando um viveiro e uma horta comunitária para a produção de mudas para reflorestamento de áreas degradadas, produção de hortaliças, plantas medicinais e ornamentais”, explica o presidente do SOS, Raimundo Barbosa.
Para Francis, o projeto de educação ambiental é essencial nas escolas. “A educação ambiental faz parte da transversalidade e envolve muitas outras habilidades e competências do currículo básico. E é de extrema importância que a criança desde cedo compreenda seu papel como sujeito na sociedade e principalmente como sujeito ecológico”, destaca.
Segundo a coordenadora pedagógica, o projeto também tem agregado aspectos positivos na vida dos estudantes. “Percebemos uma mudança de comportamento de muitos alunos, tanto dentro de sala de aula quanto em casa. E também uma maior consciência e interesse em contribuir para a preservação do nosso meio ambiente, o que é realmente importante”, completa Francis.
Texto: Neyrilene Costa
Fotos: Arquivo EC 05
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