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  • Foto do escritorSOS Ribeirão Sobradinho

Projeto de aluno da UnB mobilizou comunidade para monitoramento do meio ambiente através da ciência

Atualizado: 29 de jul. de 2020



Um dos papéis da universidade é construir conhecimento que beneficiará a sociedade, conectando-se às questões e problemas do cidadão. Essa não é uma relação de via única, na qual a academia é “detentora do conhecimento” e a sociedade receptora passiva, já que os cidadãos podem e devem contribuir para a soluções das demandas sociais. Esse é o conceito de Ciência Cidadã e foi a proposta do projeto de conclusão de curso de Igor Gonçalves, então aluno, hoje engenheiro ambiental formado pela UnB, em conjunto ao movimento SOS Ribeirão Sobradinho.


Ciente da poluição das águas do Ribeirão Sobradinho, Igor conheceu o trabalho do SOS e sua participação ativa no Comitê de Bacia Hidrográfica dos Afluentes do Rio Paranaíba (CBH Paranaíba), onde o grupo luta pela preservação das cachoeiras do Irajá Comprido, Forquilha e Recanto do Araripe. As ações do projeto o motivaram a propor uma parceria para o estudo do ribeirão. "A importância da recuperação desse corpo hídrico, mais a luta do grupo SOS Ribeirão Sobradinho, favoreceu a parceria para aplicar um projeto de ciência cidadã no monitoramento das águas" explica Igor.


Equipe de coleta

Ciência Cidadã é um um tipo de investigação coletiva, na qual cidadãos voluntários participaram da coleta de dados preciosos para pesquisa científica. A iniciativa, que aconteceu em 2019, contou com três coletas em conjunto com membros do SOS, entre eles o mestre em Engenharia Ambiental José Leitão, o professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Minoti, a professora adjunta também do departamento Lenora Ludolf, além da estudante de Engenharia Ambiental Melissa Gasque.


A coleta foi seguida de uma oficina, na qual os participantes aprenderam a ler e analisar os dados. “Essa oficina é o momento para elucidar questões”, explica Igor. Na ocasião, foram discutidos o significado da presença da amônia, dos coliformes fecais totais, o pH, a quantidade de oxigênio dissolvida na água, dentre outros parâmetros.


Resultados: Ribeirão pede ajuda!



Os resultados da pesquisa foram enquadrados dentro das resoluções 357 e 274 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que são padrões que determinam a qualidade da água para o uso público. De acordo com as resoluções, o Ribeirão Sobradinho é enquadrado como Classe 3, em que não é permitido usos para recreação, doméstico ou agricultura.


Entretanto, os dados da pesquisa de Igor mostraram que a situação do ribeirão é ainda mais preocupante. “O ribeirão está com um nível de degradação muito alto. Só pelo fato dele ser classificado como Classe 3 pelo Conama já é um sinal complicado. E, infelizmente, a pesquisa encontrou uns parâmetros que nem na Classe 3 estão enquadrados. O fósforo livre, por exemplo, está em parâmetros da Classe 4, que é a pior classe de todas. É preciso ficar alerta quanto ao nível de poluição e também resguardar as pessoas que usam as cachoeiras e não sabem da contaminação”, afirmou Igor.



É especialmente para manter a população alerta sobre como está a situação das águas, que a ciência cidadã se faz necessária. “Fazer essas coletas possui uma enorme importância, pois fazemos análises que aprofundam o conhecimento sobre a saúde (estado) do ribeirão. A pesquisa demonstrou também que a aplicação da ciência cidadã é eficaz no monitoramento de corpos hídricos quando um grupo organizado da sociedade civil demonstra interesse em monitorar e compreender os parâmetros de contaminação das águas, o que contribui para a recuperação delas”, completa o engenheiro ambiental.


Se interessou em fazer parte de algum grupo de Ciência Cidadã? Caso a resposta seja sim, conheça o Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB) e também o professor Ricardo Minoti, que estará organizando equipes para próximas pesquisas. Os projetos de coletas estão parados devido à pandemia, mas a formação de grupos estará ocorrendo. Saiba mais em: www.enc.unb.br.


Texto: Felipe Sousa Alves e Neyrilene Costa

Fotos: Arquivo pessoal Igor Gonçalves



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