Mas, apesar da lembrança, Tarcísio não se acomoda e tem lutado para que ela volte a ser realidade, com um ribeirão limpo e com uso permitido
O desejo de ver o Ribeirão Sobradinho em bom estado, igual aos tempos antigos que estão guardados na memória, é o que move o jornalista aposentado, escritor e poeta, Tarcísio Pádua, de 67 anos. Morador de Sobradinho há 55 anos, Tarcísio aproveitou muito aquelas águas. “Pude me refrescar em todo o seu curso, junte-se a isto ainda a pesca de lambaris. Com o estado deplorável a que foi relegado em tempos atuais, só restou nostalgia”, recorda.
O histórico dele com o SOS é de longa data, desde antes da sua fundação. Inconformado com a situação do ribeirão, Tarcísio e outros amigos se reuniram na casa da Maria Magnólia, colaboradora do projeto, e começaram a discutir sobre o estado das águas. Nascia, então, o SOS Ribeirão, nome dado por ele. “Durante as reuniões, surgiu a necessidade de um nome para o que estávamos fazendo e também da criação de uma logomarca. Cada um dos presentes apresentou suas ideias e a minha foi a vencedora: SOSRIBEIRÃO, e assim ficou”, conta.
O jornalista foi uma peça fundamental também na divulgação das ações do SOS por meio do seu blog pessoal: o Aliás TPádua. "O blog registrou toda a saga do projeto. E isso se deu de forma conjunta, graças à colaboração prestimosa dos professores Raimundo, do Leitão, do Antônio Santana, entre outros que a memória já não permite a lembrança”, acrescenta.
O desejo de seguir lutando pelas águas é o que incentiva Tarcísio. “Junto a outros abnegados sonhadores temos orado e trabalhado pela recuperação do Ribeirão Sobradinho. Hoje, contamos ainda com sangue novo e que é muitíssimo bem-vindo, o blog SOS Ribeirão, tão necessário como mais uma ferramenta de divulgação e apoio, o que só temos que aplaudir e agradecer por demais”, completa o poeta.
Em seu livro Caminhar, de 2018, Tarcísio fez 230 poemas abrangendo os mais diversos temas, cuja poesia que dá título é: Eu só quero/ um caminho/caminhar/sob o sol/de Sobradinho. O escritor também fez um poema dedicado ao nosso querido ribeirão:
SOS Ribeirão
Amigo inquiriu-me
Como estava o Ribeirão Sobradinho.
Tive que responder-lhe,
Em vista da sempre e sempre
Falta de vergonha
Das chamadas autoridades:
Ele está, cada vez mais,
Para simples ribeirinho.
Texto: Neyrilene Costa
Fotos: Arquivo SOS
Matéria fantástica porque resgata parte da memória de nossa luta na narrativa do Tarcísio Pádua, valoroso colaborador dessa saga que já dura mais de 10 anos. É confortante saber que o objetivo de ver as águas do nosso ribeirão limpas está vivo em cada um dos mentores e colaboradores desse projeto.